domingo, 4 de setembro de 2016

Exemplo de anarquia na prática: supermercado

         
        A palavra anarquia, em sua definição mais simples, significa apenas ausência de estado. A sua simplicidade é parecida com a da definição de ateísmo, que significa ausência da crença em deus. Há muito mais coisas em comum entre esses dois conceitos, mas esse seria um assunto para outro post. O que quero tratar aqui é como a anarquia, encarada em sua definição mais simples, está presente em várias interações e organizações voluntárias.
         Ao contrário do que o senso comum diz, a anarquia não geraria caos e destruição. Crer nisso é acreditar que a única razão que o ser humano possui para permanecer vivo e se auto-preservar é porque existe um estado que o force a agir assim. Ao contrário, na vida real, abundam exemplos de como a anarquia gera organização na sociedade. Sim, a anarquia gera organização. Um exemplo seria visto em um supermercado. Um supermercado é formado por pessoas se organizando voluntariamente, de acordo com os seus interesses egoístas. Não há lei nenhuma, nem garantia alguma imposta pelo estado de que existirão pessoas dispostas a produzir e vender alimentos, roupas, eletrônicos, eletrodomésticos, material de limpeza e outra infinidade de produtos que são vendidas lá. Não há garantia de que pessoas irão plantar vegetais em fazendas, criar gado, transportar esses alimentos para centros de distribuição, desses centros para os supermercados, organizar os produtos em prateleiras, e outras infindáveis atividades que permitem que esses alimentos estejam disponíveis em um local para as pessoas adquirirem. Absolutamente todas as etapas que permitem que alguém obtenha um produto em um supermercado é fruto da interação voluntária entre os indivíduos. O estado não força essas interações, elas ocorrem espontaneamente. Por isso, pode-se dizer que tudo isso ocorre de forma anárquica, ou seja, sem a presença do estado. Ironicamente, em países em que o estado interfere nesse arranjo de forma significativa (como Venezuela, Coréia do Norte – países que fecham e estatizam supermercados) há falta de alimentos e fome. Em países africanos, que vivem em guerras entre proto-estados, as interações voluntárias que geram a disponibilidade de alimentos também é impedida, o que também gera fome e caos. É irônico imaginar que, ao contrário do que os estatistas pensam, é a anarquia que gera bem-estar e organização, enquanto o estado é o gerador de caos.
                                          Supermercado na Venezuela

         A mesma demonstração de anarquia vista no supermercado pode ser vista na internet e em várias tecnologias que surgiram nela: serviços peer-to-peer (Uber, Grabr, Airbnb), criptomoedas (Bitcoin, Monero), redes sociais (Facebook, Steemit) e aplicativos de mensagens (Whatsapp e Telegram) são exemplos. Assim como no caso do supermercado, o governo não obrigou nem garantiu o surgimento dessas tecnologias. Pelo contrário, muitas vezes os governos tentam impedir que essas tecnologias existam e se desenvolvam, através de leis esdrúxulas.

        Atribuir o bem estar que essas interações geram à humanidade à um determinado governo é tão ridículo quanto dizer “graças à deus” quando médicos curam um paciente. Há muito em comum entre os estatistas e os religiosos. Na verdade, podemos dizer que o estatismo, ou seja, a crença de que o estado é necessário para organizar a humanidade é, em si, uma religião. Pessoas que se dizem atéias e acreditam nesse mito não são realmente atéias. Pretendo fazer um post mais específico sobre esse assunto. Por hora, quem quiser saber mais sobre essa idéia, é só ler o incrível livro “The Most Dangerous Superstition”, de Larken Rose.

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