A
palavra anarquia, em sua definição mais simples, significa apenas
ausência de estado. A sua simplicidade é parecida com a da
definição de ateísmo, que significa ausência da crença em deus.
Há muito mais coisas em comum entre esses dois conceitos, mas esse
seria um assunto para outro post. O que quero tratar aqui é como a
anarquia, encarada em sua definição mais simples, está presente em
várias interações e organizações voluntárias.
Ao
contrário do que o senso comum diz, a anarquia não geraria caos e
destruição. Crer nisso é acreditar que a única razão que o ser
humano possui para permanecer vivo e se auto-preservar é porque
existe um estado que o force a agir assim. Ao contrário, na vida
real, abundam exemplos de como a anarquia gera organização na
sociedade. Sim, a anarquia gera organização. Um exemplo seria visto
em um supermercado. Um supermercado é formado por pessoas se
organizando voluntariamente, de acordo com os seus interesses
egoístas. Não há lei nenhuma, nem garantia alguma imposta pelo
estado de que existirão pessoas dispostas a produzir e vender
alimentos, roupas, eletrônicos, eletrodomésticos, material de
limpeza e outra infinidade de produtos que são vendidas lá. Não há
garantia de que pessoas irão plantar vegetais em fazendas, criar
gado, transportar esses alimentos para centros de distribuição,
desses centros para os supermercados, organizar os produtos em
prateleiras, e outras infindáveis atividades que permitem que esses
alimentos estejam disponíveis em um local para as pessoas
adquirirem. Absolutamente todas as etapas que permitem que alguém
obtenha um produto em um supermercado é fruto da interação
voluntária entre os indivíduos. O estado não força essas
interações, elas ocorrem espontaneamente. Por isso, pode-se dizer
que tudo isso ocorre de forma anárquica, ou seja, sem a presença do
estado. Ironicamente, em países em que o estado interfere nesse
arranjo de forma significativa (como Venezuela, Coréia do Norte –
países que fecham e estatizam supermercados) há falta de alimentos
e fome. Em países africanos, que vivem em guerras entre
proto-estados, as interações voluntárias que geram a
disponibilidade de alimentos também é impedida, o que também gera
fome e caos. É irônico imaginar que, ao contrário do que os
estatistas pensam, é a anarquia que gera bem-estar e organização,
enquanto o estado é o gerador de caos.
Supermercado na Venezuela
A
mesma demonstração de anarquia vista no supermercado pode ser vista
na internet e em várias tecnologias que surgiram nela: serviços
peer-to-peer (Uber, Grabr, Airbnb), criptomoedas (Bitcoin, Monero),
redes sociais (Facebook, Steemit) e aplicativos de mensagens
(Whatsapp e Telegram) são exemplos. Assim como no caso do
supermercado, o governo não obrigou nem garantiu o surgimento dessas
tecnologias. Pelo contrário, muitas vezes os governos tentam impedir
que essas tecnologias existam e se desenvolvam, através de leis
esdrúxulas.
Atribuir
o bem estar que essas interações geram à humanidade à um
determinado governo é tão ridículo quanto dizer “graças à
deus” quando médicos curam um paciente. Há muito em comum entre
os estatistas e os religiosos. Na verdade, podemos dizer que o
estatismo, ou seja, a crença de que o estado é necessário para
organizar a humanidade é, em si, uma religião. Pessoas que se dizem
atéias e acreditam nesse mito não são realmente atéias. Pretendo
fazer um post mais específico sobre esse assunto. Por hora, quem
quiser saber mais sobre essa idéia, é só ler o incrível livro
“The Most Dangerous Superstition”, de Larken Rose.
Sensacional!
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