quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Métodos utilizados pelo estado para te roubar e como seria possível escapar desse roubo



O fato de que imposto é roubo é algo sabido de forma subliminar por qualquer pessoa que refletiu durante 5 minutos sobre o assunto. Tanto isso é verdade que quando um governo qualquer anuncia de forma clara e explícita a instituição de um novo imposto, a esmagadora maioria da população fica contra a criação dele. Inclusive há pesquisas mostrando isso, com perguntas do tipo: “você é favorável a pagar imposto por um determinado serviço?”. A grande maioria das pessoas discorda dessa afirmação. E o governo sabe disso, e sabe que a criação de um imposto é uma medida impopular, principalmente em um país pobre como o Brasil. Por isso o governo tende a criar vários mecanismos para cobrar esse imposto de forma que a população não perceba. Um desses mecanismos é linguístico, como chamar imposto de contribuição, falar que o imposto é para o bem comum e todas essas baboseiras. Há vários outros métodos, que variam em complexidade, mas todos possuem o objetivo comum de surrupiar o povo sem que ele perceba. Assim, como o governo cria métodos sofisticados para te roubar, é preciso pensar em métodos e tecnologias para evitar ser roubado pelo governo, de forma com que o governo não saiba. A criação de novas tecnologias pode ser um incentivo para que mais pessoas boicotem o governo, pois elas estarão beneficiando financeiramente a si mesmas em primeiro lugar. Mesmo que uma pessoa não conheça ou odeie a filosofia libertária, ao adotar meios de para se defender do roubo estatal, ela estará ganhando dinheiro com isso e, mesmo que de forma não intencional, estará ajudando a acabar com o estado, pois deixaria de financiá-lo. Segue uma pequena lista de diferentes técnicas de roubo utilizadas pelo governo, e como é, ou seria, possível escapar desses golpes. A intenção aqui é apenas listar e identificar de forma clara, precisa e simples o método utilizado pelo governo versus um possível método de contra-ataque libertário. Uma elaboração mais profunda de cada tópico da lista seria assunto para outros posts:

- Imposto de importação – esse imposto é facil de entender. A cada produto que você importa, você paga uma porcentagem do valor dele para o governo. Esse atualmente é relativamente fácil de escapar para pequenas compras. Existe um site chamado Grabr.io, sobre o qual eu falei em um post anterior, que você pode utilizar para fazer com que turistas tragam mercadorias para você. O problema surge para importação de mercadorias grandes ou de alto valor. Uma tecnologia que talvez permita escapar desse roubo no futuro são entregas através de drones. A amazon está perto de lançar o serviço Prime Air, que realiza entrega através de drones em um raio de 16 km. Você pode achar essa idéia absurda para importar mercadorias entre países, mas se hoje essa tecnologia está assim, imagine daqui a 50 anos...

- Imposto inflacionário – o governo basicamente cria dinheiro do nada, dá ele para empresas parceiras, para funcionários e políticos, que se beneficiam da maior parte desse dinheiro. O dinheiro criado circula pela economia e perde seu valor; quando ele chega na mão da população, ele chega com um valor reduzido em uma porcentagem, essa porcentagem é o imposto inflacionário. O ato de criar dinheiro do nada é o responsável por essa inflação artificial. Já existe uma tecnologia para escapar desse imposto: criptomoedas, como o bitcoin. Se de hoje para amanhã, a população parar de utilizar o Real e passar a utilizar bitcoin, além do governo quebrar, acaba-se com o imposto inflacionário. A tecnologia já existe e está em desenvolvimento. Com esse desenvolvimento e a adoção de criptomoedas pela população, é possível o fim do imposto inflacionário.

- Impostos sobre consumo – o governo obriga as empresas a passarem uma porcentagem do valor de cada produto que eles vendem para o estado. Esse valor é repassado para os consumidores, o que encarece muito os produtos. Caso as empresas não façam isso, o governo prende os donos dessas empresas e fecham a empresa. Esse imposto talvez seja o mais difícil de escapar, no momento, pois há imposto em cada etapa da cadeia produtiva. Todo estabelecimento que tenha que vender produtos em uma sede fixa, acaba tendo que pagar esse imposto, sob risco de ser preso e ter seu estabelecimento fechado se não pagar. Porém, vale a discutir soluções para acabar com mais esse imposto. Locais que poderiam escapar mais facilmente desses impostos são lojas online, que poderiam vender seus produtos em plataformas anônimas como o OpenBazaar. Isso, combinado com a entrega por meio de drones, e com pagamentos via bitcoin, poderia ser uma forma de escapar de mais esse roubo da gangue. Para empreendimentos que necessitem de locais físicos grandes, como cultivo de alimentos, hortas caseiras combinadas com métodos de alta produtividade seriam algo a se considerar. Tecnologias de criação de carne in vitro seriam muito bem vindas e dispensariam a necessidade de grandes fazendas, que seriam um alvo fácil para o governo. Agora, há muitos outros empreendimentos que seriam difíceis de ter suas produções miniaturizadas. Nesses casos, somente meios de acabar de vez com o estado (assunto para outro post) poderiam dar uma solução definitiva para isso.

- Impostos sobre folha salarial – consiste em todas as tranqueiras que incidem em cima da folha salarial: IR, INSS, FGTS, imposto sindical, que o trabalhador é obrigado a pagar. Já existe uma tecnologia para acabar com esse imposto: criptomoedas. Se uma pessoa trabalhar de forma não registrada e receber em bitcoins, é fácil escapar desse imposto, já que o governo sequer saberá que aquela pessoa trabalha. A pessoa não precisará ter conta em um banco, que caguetaria o quanto a pessoa recebe para o governo.

- Imposto de renda – assalariados devem, anualmente, se auto-caguetarem para a receita federal, dizendo o quanto possuem de renda e pagar o imposto devido. Caso a pessoa não declare, a receita utiliza os dados, como conta bancária, para multar a pessoa. Assim como os impostos sobre folha salarial, esse já é possível escapar mantendo o máximo possível do seu patrimônio em criptomoedas. É claro que existem incertezas sobre a futura segurança do bitcoin, mas conforme o tempo passa, essa tecnologia fica cada vez mais confiável e segura para manter parte do seu patrimônio nela.

- Impostos futuros (dívida pública) – como os governos gastam muito mais do que arrecadam em imposto, eles tem que pedir dinheiro emprestado em nome da população. Assim, os impostos que você, seus filhos, seus netos e bisnetos pagarão no futuro serão, em parte, para pagar a dívida pública. Evitando os impostos descritos acima, você automaticamente deixa de ser roubado pelo governo através desse método, ajudará a desvalorizar a moeda estatal e ajudará o estado a ficar insolvente. O máximo que o governo poderá fazer para pagar essa dívida será imprimir dinheiro a rodo, mas quem disse que a população aceitará essa merda falsificada se poderá usar bitcoin ou outra criptomoeda?


- Imposto de custo de oportunidade – esse é algo que eu nunca vi alguém falando sobre, mas consiste no rendimento que o dinheiro que o governo rouba teria se não tivesse sido roubado e tivesse ficado na mão de indivíduos produtivos. Esse é impossível de calcular com exatidão, mas me arrisco a dizer que esse imposto oculto é o maior de todos. Apenas imagine a quantidade de bens e serviços disponíveis para toda a população se esse dinheiro tivesse ficado na mão dos indivíduos. Quantas tecnologias não teriam sido inventadas? Se mesmo com os governos roubando e rasgando centenas de trilhões de dólares dos indivíduos no mundo todo, os indivíduos conseguiram criar tecnologias incríveis, o que não teria sido criado com todo esse dinheiro na mão dos indivíduos produtivos? Me arrisco a dizer que já teriam inventado tecnologias absurdas, como o teletransporte...

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Qual a diferença entre uma gangue e um governo?

Na imagem acima, vemos os chefes de duas gangues colombianas selando acordo de paz. Um é conhecido como presidente da Colômbia, o outro, é o chefe das Farc. Ao fundo, o chefe da gangue internacional ONU, Ban Ki-moon, aplaude. 

Acaba de ser assinado um acordo de paz entre as Farc e o governo da Colômbia, num daqueles momentos em que a semelhança entre os dois tipos de organização, gangue e governo, fica tão nítida que é impossível negá-la. Assinar um tratado de paz, que comumente só é assinado entre duas nações em guerra, é uma admissão do governo colombiano que uma instituição criminosa, que sequestrou e matou milhares, está no mesmo nível hierárquico que o governo. E isso fica mais nítido ainda quando pensamos que o governo colombiano, como qualquer outro, também mata e sequestra cidadãos frequentemente. Vejamos, primeiramente, outras semelhanças entre ambos:

- Uma gangue cobra taxas de pessoas que vivem em seus territórios em troca de segurança e serviços. Chamaríamos isso de extorsão. O governo faz o mesmo, porém chamam isso de imposto.
- Uma gangue impões restrições e regras às pessoas que vivem em seus territórios. Quem desobedece, é punido. O governo faz o mesmo, e chamam isso de lei.
- Uma gangue entra em conflitos violentos com gangues rivais e com o governo. O governo, entra em conflitos com gangues e em guerras com outros países.
- Os cidadãos que vivem em um território controlado por uma gangue raramente desobedecem as regras dessa gangue. Essa obediência é conquistada não somente pela força, mas também pela realização de pequenos serviços e favores. O governo faz o mesmo, e chamam isso de políticas sociais.
- Grande parte das pessoas que vivem em seu território nutrem admiração pelos membros da gangue, assim como apoiadores de políticos o fazem com seus mestres.
- Uma gangue possui uma hierarquia determinada, um chefe, seus comparsas mais próximos, seguranças, empregados de diversos tipos, aviôezinhos, etc. O governo também, mas chamam isso de políticos, presidente, deputados, governadores, funcionários, etc...

Então, qual seria a diferença entre os dois? Simples: o governo possui uma religião própria, uma semântica própria que "legaliza" todos os seus atos, algo que não existe em uma gangue. O poder é exercido em nome do "bem comum", em nome da "democracia". Um governo serviria, assim, para “cuidar de seu povo”, assim como os pais cuidam de um bebê. Há toda uma mitologia criada em torno do governo. Assim como sacerdotes de qualquer religião, políticos possuem formas diferenciadas de tratamento. Daí vem os "excelentíssimos", e outros termos pelos quais os servos os chamam.

Em resumo, um governo conquista sua suposta legitimidade através de uma lavagem cerebral em massa realizada ao longo de décadas, que convence os governados de que essa máfia exerce o poder de forma legítima. Pelo fato de possuir essa "legitimidade", e também pelo fato de um governo ser muito maior e mais poderoso do que a maioria das gangues, os governos causam um estrago muito maior do que a maioria delas. Porém, de vez em quando, uma gangue cresce tanto que se iguala ao tamanho de um estado, como no caso das Farc. A única coisa que faltaria para as Farc serem vista como um governo legítimo, seria eles se tornarem um partido e elegerem o presidente da Colômbia. Assim, chegariam ao status de um governo de fato. É de se imaginar que o surgimento de todos os governos e estados do mundo aconteceu dessa maneira, evoluindo desde um pequeno grupo de assaltantes, até um governo, que nada mais seria do que uma gangue gigante, vista como legítima pelo povo. A própria palavra governo faz parte da mitologia, e seria apenas um eufemismo para uma gangue gigante. Larken Rose já dizia, o governo só existe na cabeça do governado. Então, chamemos as coisas pelos seus nomes corretos: assim como imposto é roubo, governo é gangue.

domingo, 4 de setembro de 2016

Exemplo de anarquia na prática: supermercado

         
        A palavra anarquia, em sua definição mais simples, significa apenas ausência de estado. A sua simplicidade é parecida com a da definição de ateísmo, que significa ausência da crença em deus. Há muito mais coisas em comum entre esses dois conceitos, mas esse seria um assunto para outro post. O que quero tratar aqui é como a anarquia, encarada em sua definição mais simples, está presente em várias interações e organizações voluntárias.
         Ao contrário do que o senso comum diz, a anarquia não geraria caos e destruição. Crer nisso é acreditar que a única razão que o ser humano possui para permanecer vivo e se auto-preservar é porque existe um estado que o force a agir assim. Ao contrário, na vida real, abundam exemplos de como a anarquia gera organização na sociedade. Sim, a anarquia gera organização. Um exemplo seria visto em um supermercado. Um supermercado é formado por pessoas se organizando voluntariamente, de acordo com os seus interesses egoístas. Não há lei nenhuma, nem garantia alguma imposta pelo estado de que existirão pessoas dispostas a produzir e vender alimentos, roupas, eletrônicos, eletrodomésticos, material de limpeza e outra infinidade de produtos que são vendidas lá. Não há garantia de que pessoas irão plantar vegetais em fazendas, criar gado, transportar esses alimentos para centros de distribuição, desses centros para os supermercados, organizar os produtos em prateleiras, e outras infindáveis atividades que permitem que esses alimentos estejam disponíveis em um local para as pessoas adquirirem. Absolutamente todas as etapas que permitem que alguém obtenha um produto em um supermercado é fruto da interação voluntária entre os indivíduos. O estado não força essas interações, elas ocorrem espontaneamente. Por isso, pode-se dizer que tudo isso ocorre de forma anárquica, ou seja, sem a presença do estado. Ironicamente, em países em que o estado interfere nesse arranjo de forma significativa (como Venezuela, Coréia do Norte – países que fecham e estatizam supermercados) há falta de alimentos e fome. Em países africanos, que vivem em guerras entre proto-estados, as interações voluntárias que geram a disponibilidade de alimentos também é impedida, o que também gera fome e caos. É irônico imaginar que, ao contrário do que os estatistas pensam, é a anarquia que gera bem-estar e organização, enquanto o estado é o gerador de caos.
                                          Supermercado na Venezuela

         A mesma demonstração de anarquia vista no supermercado pode ser vista na internet e em várias tecnologias que surgiram nela: serviços peer-to-peer (Uber, Grabr, Airbnb), criptomoedas (Bitcoin, Monero), redes sociais (Facebook, Steemit) e aplicativos de mensagens (Whatsapp e Telegram) são exemplos. Assim como no caso do supermercado, o governo não obrigou nem garantiu o surgimento dessas tecnologias. Pelo contrário, muitas vezes os governos tentam impedir que essas tecnologias existam e se desenvolvam, através de leis esdrúxulas.

        Atribuir o bem estar que essas interações geram à humanidade à um determinado governo é tão ridículo quanto dizer “graças à deus” quando médicos curam um paciente. Há muito em comum entre os estatistas e os religiosos. Na verdade, podemos dizer que o estatismo, ou seja, a crença de que o estado é necessário para organizar a humanidade é, em si, uma religião. Pessoas que se dizem atéias e acreditam nesse mito não são realmente atéias. Pretendo fazer um post mais específico sobre esse assunto. Por hora, quem quiser saber mais sobre essa idéia, é só ler o incrível livro “The Most Dangerous Superstition”, de Larken Rose.

Como importar mercadorias pelo Grabr?


Texto postado originalmente na página do Facebook Resistência Fiscal
Vi que lançaram um serviço tipo o Cabe na mala (que saiu do ar), só que gringo, no site Grabr.io, ou em aplicativo para quem tem iphone. Ele é tipo um Uber para muambas. Com ele, você pode entrar em contato com um gringo que esteja vindo para sua cidade e pagar uma grana para ele te trazer a sua mercadoria! Pelo site, você escolhe o que quer comprar e o quanto quer pagar para o turista trazer. O turista que estiver indo para a sua cidade é informado e pode aceitar a sua proposta, ou fazer uma contra-proposta para isso. Você paga para ao site o valor total, mais 7% de taxa de serviço do site. O site só repassa a grana para o turista quando você confirma que recebeu o produto, e lhe reembolsa em caso de você não tê-lo recebido. Estou em processo de compra de um produto por ele, alguém mais daqui testou? Seguem os passos que segui na minha compra. Se tudo der certo, receberei o produto em um local combinado com o turista, daqui a duas semanas. Irei atualizar sobre o processo quando ele terminar.
1 – Faça o cadastro no site grabr.io. Fiz o cadastro usando meu facebook.
2 – Clique em start your order, no canto superior direito do site.
4 - Coloque o link da página do produto no site em que ele é vendido. No meu caso, escolhi um produto na amazon.com
5 – Inclua foto, nome e descrição do produto. Na descrição, eu coloquei uma instrução para que o valor total do que o gringo trazer de mercadoria não ultrapasse $500.
6 – Coloque o preço e quantidade do produto. Clique em next.
7 – Escolha a cidade que quer receber o produto
8 – Se desejar, escolha uma data para receber o produto
9 – Escolha o valor que deseja dar ao turista pelo serviço. O site sugere alguns valores, mas no campo abaixo você pode escolher qualquer valor. Dê next.
10 – Confirme o pedido. Agora é só esperar algum turista aceitá-lo
11 – Caso algum turista aceite, você pode confirmar a proposta dele e proceder com o pagamento por cartão de crédito. Você poderá olhar o score dele no site, para ver se ele é um bom vendedor. Você pode negar a oferta ou negociar com ele por meio de um chat no próprio site, para combinar os detalhes. Tudo que será conversado por vocês no site será gravado para eventuais disputas. - Eu confirmei a minha compra e parei nesse passo.
12 – Após receber o produto, confirme o recebimento do mesmo no site e o dinheiro será repassado ao turista. Você também terá um score como consumidor.
É isso aí. A idéia é ótima, e se tudo der certo, será uma revolução muambística. Para ficar perfeito, só se o site aceitasse bitcoin. Assim não ficaríamos a mercê da variação do dólar em um mês pelo cartão de crédito. Ah, o produto que comprei, mesmo com todas essas taxas, saiu mais barato do que o mais barato no mercado livre.

UPDATE

Realizei uma compra no site com sucesso! Tudo funcionou como o esperado! Serviço nota 9! Seria 10 se aceitassem bitcoin como forma de pagamento!

domingo, 10 de julho de 2016

Egoísmo e cooperação

O livro O Gene Egoísta, escrito pelo biólogo Richard Dawkins, sintetiza de forma brilhante uma ideia que mudaria a forma como os processos evolutivos seriam vistos: a seleção natural “atua” sobre os genes, de modo que os genes que conferem, aos seus portadores, vantagens sobre os demais seres, sobrevivem, e são passados adiante hereditariamente. Assim, para tornar a explicação mais didática, Richard Dawkins afirma que os genes são egoístas, pois eles “agiriam” com os únicos objetivos de sobreviverem e se multiplicarem, deixando o maior número possível de cópias suas nas próximas gerações. Porém, para atingirem seus objetivos egoístas, os genes seriam obrigados a cooperarem com outros genes dentro de organismos complexos, os seres vivos. Essa relação complexa entre vários genes egoístas é que resultaria nos diversos seres vivos, com suas naturais tendências a lutarem pela sobrevivência e se procriarem. Visto dessa forma, os seres vivos seriam meras marionetes dos genes, utilizados única e exclusivamente como meio de transporte dos genes para as gerações futuras. Os genes é que sobreviveriam na forma de cópias nas novas marionetes criadas, enquanto as velhas morreriam.

Assim, os indivíduos também possuem os objetivos egoístas de sobreviver e procriar. Mas para isso, muitas vezes devem cooperar com outros indivíduos para aumentar as chances de conseguir seus objetivos. Exemplos dessa cooperação abundam na natureza, basta assistir alguns minutos de National Geographic para ver animais de diversas espécies cooperando em bandos em alguma atividade que aumenta suas chances de sobreviverem e procriarem. Um olhar descuidado para essas cenas, poderia levar alguém a pensar que os animais estão cooperando por bondade e pelo bem da espécie, mas a única motivação para essa cooperação advém dos interesses egoístas do indivíduos, que vem dos interesses egoístas dos genes.

Baseado na premissa de que os indivíduos são egoístas, podemos pensar na questão: por que as árvores são grandes, possuindo vários metros de altura ao invés de serem do tamanho de arbustos? A resposta é que elas crescem pois elas competem por luz solar umas com as outras. Se existisse uma mente coletiva de todas as árvores, elas poderiam combinar uma com as outras de possuírem exatamente o mesmo tamanho. Dessa forma, todas poderiam conseguir luz do sol, nenhuma atrapalharia a outra e a espécie se beneficiaria como um todo. Mas é óbvio que não é isso o que ocorre. Por serem irracionais, as árvores não podem combinar de pararem de crescer. Não há absolutamente nada que impeça o surgimento de uma mutação que faça uma árvore crescer um pouco mais que as outras e se beneficiar mais dessa condições do que suas vizinhas. As árvores crescem pela competição individual de uma com as outras, não existe evolução pelo bem da espécie, e sim pelo bem do indivíduo e de seus genes.

Agora, muitos afirmam que esse raciocínio não pode ser aplicado aos seres humanos, pois afirmam que o homem deve agir pelo bem da sociedade, da nação, ou de qualquer entidade abstrata que represente um grupo. E esse é um grande engano. Apesar do ser humano ser capaz de criar leis e tentar planejar a economia para que todos os homens, assim como as árvores da floresta hipotética, “sejam do mesmo tamanho” (possuam igualdade de oportunidades, de direitos e de riqueza), não há absolutamente nada que impeça o surgimento de seres humanos que tentem tirar proveito das condições em que se encontram para aumentar o seu bem estar e riqueza, seguindo seus interesses egoístas. Ou seja, os socialistas erram ao tentar impedir o crescimento da riqueza pessoal, com as suas medidas que acabam por tornar todos igualmente pobres. As pessoas com poder governamental, o utilizarão para saciar seus desejos egoístas, e não pelo bem da sociedade.

Sendo o ser humano egoísta, ele responde a incentivos que visem aumentar o seu bem estar. É preciso deixar que haja apenas incentivos construtivos, que não diminuam o bem estar alheio. Um grande incentivo é tornar possível o livre mercado, sem nenhuma restrição a ele. Nesse livre mercado, pessoas trocam bens com o objetivo de melhorarem suas condições. Em uma troca de uma mercadoria por dinheiro entre dois seres humanos, ambos acabam cooperando, apesar de estarem agindo única e exclusivamente pelos seus objetivos egoístas de aumentarem suas satisfações pessoais. As duas partes, ao fim da negocição, aumentam sua satisfação, em relação ao período anterior. Não há parte prejudicada pelo negócio, é um ganha-ganha - a pessoa que comprou o produto aceitou de bom grado trocar seu dinheiro pela mercadoria; o vendedor aceitou trocar a mercadoria pelo dinheiro. Em uma sociedade que proíba a cooperação através do livre comércio (aonde indivíduos trocam bens livre e voluntariamente), os únicos incentivos que os indivíduos possuem para melhorar suas condições são o roubo e a coerção. Quem está com o poder, consegue roubar o restante da população livremente, que possue pouquíssimos meios de aumentar seu bem estar. Há uma única saída para quem está na base dessa pirâmide: conseguir fazer parte do time do governo e roubar o resto da população. Esse é um dos motivos do porque o socialismo não funciona e gera violência e sofrimento para suas populações.

Os 7 efeitos de rede (“network effects”) do Bitcoin

O que é um efeito de rede? 

O efeito de rede é uma externalidade que ocorre devido ao aumento do uso de determinada tecnologia. Um efeito de rede pode ser positivo, quando há um aumento de valor da tecnologia, ou negativo, quando há uma diminuição em seu valor. Um exemplo de tecnologia que gerou diversos efeitos de rede positivos é a internet. No início, ela era usada apenas por militares, portanto, limitada a um público restrito. Conforme mais usuários tiveram acesso à essa ferramenta, foram surgindo mais sites, e mais pessoas puderam utilizar a web para se comunicar, o que aumentou o valor da tecnologia. Porém, o aumento do uso de determinada ferramenta pode causar efeitos negativos, como a diminuição da velocidade que ocorre em determinados sites, quando estão sendo muito visitados. Esse seria um exemplo de efeito de rede negativo.

Efeitos de rede do Bitcoin
O economista austríaco e expert em Bitcoin e ouro, Trace Mayer, lista 7 efeitos de rede que ocorrem com o aumento do uso das bitcoins. Todos eles ocorrem simultaneamente, e possuem o potencial de aumentar o valor e a quantidade de usuários da criptomoeda, num ciclo virtuoso que se retro alimenta. Seguem os efeitos de rede:

- Especulação
Ocorre quando as pessoas adquirem as criptomoedas com o objetivo de vendê-las num valor maior após um determinado tempo, ou simplesmente para mantê-las como reserva de valor, assim como muitos investidores fazem com o ouro. Como possibilitadores do processo de especulação, podemos citar o surgimento de casas de câmbio (exchanges), que permitem a troca de bitcoins por outras moedas, e carteiras (wallets), que permitem o armazenamento das moedas adquiridas com segurança.

- Comerciantes
Pelo simples fato de especuladores possuírem bitcoins, as empresas passam a aceitar a nova moeda. Milhares de empresas já aceitam bitcoins como forma de pagamento. Como exemplo, podemos citar as gigantes Dell e Microsoft. Podemos citar o bitpay como plataforma facilitadora de pagamentos em bitcoin.

- Consumidores
Como as lojas passam a aceitar bitcoins como forma de pagamento, as pessoas começam a utilizar as criptomoedas para realizar compras nelas. Um exemplo de serviço que permite a compra de produtos com bitcoins é o site Purse.io. Esta plataforma permite a compra de produtos da Amazon por meio da troca de bitcoins por vales-presentes. O site permite a compra de produtos da Amazon com descontos de 15% ou mais.

- Mineradores
O aumento do valor dos bitcoins atrai mineradores, que garantem o funcionamento seguro das transações de bitcoins entre os usuários da rede. Atualmente, a rede de mineradores de bitcoin é a rede com maior poder computacional do mundo. Isso torna o protocolo de trocas de bitcoins extremamente seguro.

- Desenvolvedores de software
As empresas tendem a desenvolver software compatíveis com o protocolo blockchain mais seguro e com maior número de usuários. Assim, o bitcoin tende a atrair os melhores e maiores empreendedores para sua rede.

- Financeiras
Quando a criptomoeda se tornar estabelecida, ela começa a ganhar instrumentos financeiros comuns a outras moedas, como mercado de futuros, puts, call, swaps, etc. Instituições financeiras começam a se interessar pela moeda, oferecendo empréstimos e investimentos atrelados a bitcoins.

- Moeda de reserva mundial
Os governos de todo o mundo possuem reservas internacionais em dólares, que é a moeda de reserva mundial. Por ser a moeda mais utilizada no mundo, ela é usada para precificar as commodities no mercado global. Os países também mantém as reservas em dólares para conseguir exportações por um preço menor, sem a necessidade de converter moedas, e, assim, não pagar taxas de conversão. Um dia pode ser que o bitcoin se torne a moeda de reserva mundial. Assim, as pessoas e os governos, ao invés de manterem reservas em dólares ou em suas moedas locais, manterão suas reservas em bitcoins. Um exemplo dos bitcoins sendo utilizados como reserva em pequena escala, se dá pelo protocolo Liquid, da empresa Blockstream. Esta sidechain, permite as corretoras trocarem bitcoins entre si, mantendo uma reserva em bitcoins para essas trocas.

Conclusão
Considerando toda esses fatores, cabe a pergunta: alguma outra criptomoeda superará os efeitos de rede do bitcoin? Trace Mayer considera isso altamente improvável, dado que a bitcoin, por ser a primeira moeda do tipo, acumulou esses efeitos de rede muito antes e em maior escala do que qualquer outra criptomoeda. Assim seria difícil outra criptomoeda ultrapassar a bitcoin em popularidade. Se esses efeitos de rede positivos irão suplantar os negativos, que segundo alguns, ameaçam o desenvolvimento do Bitcoin, só o tempo dirá. Mas o futuro da criptomoeda parece bastante promissor.

Referências:
www.runtogold.com – Site do Economista Trace Mayer
Canais do youtube com entrevistas sobre bitcoin com Trace Mayer: