domingo, 10 de julho de 2016

Egoísmo e cooperação

O livro O Gene Egoísta, escrito pelo biólogo Richard Dawkins, sintetiza de forma brilhante uma ideia que mudaria a forma como os processos evolutivos seriam vistos: a seleção natural “atua” sobre os genes, de modo que os genes que conferem, aos seus portadores, vantagens sobre os demais seres, sobrevivem, e são passados adiante hereditariamente. Assim, para tornar a explicação mais didática, Richard Dawkins afirma que os genes são egoístas, pois eles “agiriam” com os únicos objetivos de sobreviverem e se multiplicarem, deixando o maior número possível de cópias suas nas próximas gerações. Porém, para atingirem seus objetivos egoístas, os genes seriam obrigados a cooperarem com outros genes dentro de organismos complexos, os seres vivos. Essa relação complexa entre vários genes egoístas é que resultaria nos diversos seres vivos, com suas naturais tendências a lutarem pela sobrevivência e se procriarem. Visto dessa forma, os seres vivos seriam meras marionetes dos genes, utilizados única e exclusivamente como meio de transporte dos genes para as gerações futuras. Os genes é que sobreviveriam na forma de cópias nas novas marionetes criadas, enquanto as velhas morreriam.

Assim, os indivíduos também possuem os objetivos egoístas de sobreviver e procriar. Mas para isso, muitas vezes devem cooperar com outros indivíduos para aumentar as chances de conseguir seus objetivos. Exemplos dessa cooperação abundam na natureza, basta assistir alguns minutos de National Geographic para ver animais de diversas espécies cooperando em bandos em alguma atividade que aumenta suas chances de sobreviverem e procriarem. Um olhar descuidado para essas cenas, poderia levar alguém a pensar que os animais estão cooperando por bondade e pelo bem da espécie, mas a única motivação para essa cooperação advém dos interesses egoístas do indivíduos, que vem dos interesses egoístas dos genes.

Baseado na premissa de que os indivíduos são egoístas, podemos pensar na questão: por que as árvores são grandes, possuindo vários metros de altura ao invés de serem do tamanho de arbustos? A resposta é que elas crescem pois elas competem por luz solar umas com as outras. Se existisse uma mente coletiva de todas as árvores, elas poderiam combinar uma com as outras de possuírem exatamente o mesmo tamanho. Dessa forma, todas poderiam conseguir luz do sol, nenhuma atrapalharia a outra e a espécie se beneficiaria como um todo. Mas é óbvio que não é isso o que ocorre. Por serem irracionais, as árvores não podem combinar de pararem de crescer. Não há absolutamente nada que impeça o surgimento de uma mutação que faça uma árvore crescer um pouco mais que as outras e se beneficiar mais dessa condições do que suas vizinhas. As árvores crescem pela competição individual de uma com as outras, não existe evolução pelo bem da espécie, e sim pelo bem do indivíduo e de seus genes.

Agora, muitos afirmam que esse raciocínio não pode ser aplicado aos seres humanos, pois afirmam que o homem deve agir pelo bem da sociedade, da nação, ou de qualquer entidade abstrata que represente um grupo. E esse é um grande engano. Apesar do ser humano ser capaz de criar leis e tentar planejar a economia para que todos os homens, assim como as árvores da floresta hipotética, “sejam do mesmo tamanho” (possuam igualdade de oportunidades, de direitos e de riqueza), não há absolutamente nada que impeça o surgimento de seres humanos que tentem tirar proveito das condições em que se encontram para aumentar o seu bem estar e riqueza, seguindo seus interesses egoístas. Ou seja, os socialistas erram ao tentar impedir o crescimento da riqueza pessoal, com as suas medidas que acabam por tornar todos igualmente pobres. As pessoas com poder governamental, o utilizarão para saciar seus desejos egoístas, e não pelo bem da sociedade.

Sendo o ser humano egoísta, ele responde a incentivos que visem aumentar o seu bem estar. É preciso deixar que haja apenas incentivos construtivos, que não diminuam o bem estar alheio. Um grande incentivo é tornar possível o livre mercado, sem nenhuma restrição a ele. Nesse livre mercado, pessoas trocam bens com o objetivo de melhorarem suas condições. Em uma troca de uma mercadoria por dinheiro entre dois seres humanos, ambos acabam cooperando, apesar de estarem agindo única e exclusivamente pelos seus objetivos egoístas de aumentarem suas satisfações pessoais. As duas partes, ao fim da negocição, aumentam sua satisfação, em relação ao período anterior. Não há parte prejudicada pelo negócio, é um ganha-ganha - a pessoa que comprou o produto aceitou de bom grado trocar seu dinheiro pela mercadoria; o vendedor aceitou trocar a mercadoria pelo dinheiro. Em uma sociedade que proíba a cooperação através do livre comércio (aonde indivíduos trocam bens livre e voluntariamente), os únicos incentivos que os indivíduos possuem para melhorar suas condições são o roubo e a coerção. Quem está com o poder, consegue roubar o restante da população livremente, que possue pouquíssimos meios de aumentar seu bem estar. Há uma única saída para quem está na base dessa pirâmide: conseguir fazer parte do time do governo e roubar o resto da população. Esse é um dos motivos do porque o socialismo não funciona e gera violência e sofrimento para suas populações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário